sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ninguém dá atenção aos doentes mentais

Olhamos para a árvore e esquecemos a floresta. No caso da doença mental, os médicos concentram-se na perturbação em si, e esquecem o doente como um todo, sem se preocuparem com o seu bem-estar físico e qualidade de vida. A acusação parte da Associação Americana de Psiquiatria, foi divulgada pela BBC, e é certamente uma autocrítica, dado que são os psiquiatras o principal alvo deste estudo.

Trabalho que conclui que os doentes mentais são medicados quase exclusivamente para a doença em si, mas muito pouco acompanhados em termos de saúde geral. De tal forma que o estudo indica que mais de 50% fuma, metade sofre de hipertensão, uma percentagem elevada tem diabetes, e apenas 16% segue um regime dietético adequado.

Convenhamos que, quando sabemos que estes males estão na mira dos cuidados primários de saúde de todos os países europeus, alguma coisa acontece para que esta faixa de doentes passe completamente ao lado da vigilância médica. Aliás, o ponto de partida deste traba-lho mais alargado foi a conclusão de que 69% dos esquizofrénicos nunca tinham feito um exame de saúde completo, e que os doentes mentais vivem, em média, menos 15 anos do que o verificado no resto da população.

A doença mental é de tal maneira avassaladora para o doente e para a sua família, que é fácil que os outros «males» passarem a ter um papel secundário ou inexistente. Além do mais, a tendência é para deixar que este doente compense o seu enorme sofrimento com tabaco e alimentos doces, sem que ninguém se «atreva» a impor-lhe outras restrições. «Desde que consiga andar mentalmente equilibrado, que faça o que quiser», é o lema.

Simplesmente, dizem os especialistas, um estado físico debilitado agrava obviamente o estado mental, logo é uma inconsciência não procurar o equilíbrio geral do paciente. Compete ao psiquiatra, ou a quem medica o doente, certificar-se de que este recebe o necessário acompanhamento do seu centro de saúde, e do seu médico de família (aquele que, por cá, tantos portugueses continuam a não ter!), afirmam.

O estudo indica a importância de redobrar cuidados com a saúde dos familiares destes doentes, já que vivem sobre um stress tão pesado e permanente que haverá sequelas. Merecem, por isso, uma atenção especial, sem esquecer o acompanhamento psicológico.

fonte: Destak Portugal