Cientistas encontram área no cérebro que controla a confiança e a desconfiança.
Dose de oxitocina é capaz de aumentar 'vontade' de confiar em alguém.
Se fosse possível garantir que você nunca sentiria a dor de uma traição com apenas um remédio, mas o efeito colateral fosse você confiar cegamente em alguém – valeria a pena? Pode parecer impossível agora, mas um grupo de pesquisadores acredita que no futuro pode ser possível garantir a confiança de alguém com apenas um hormônio: a oxitocina.
A equipe de Thomas Baumgartner, da Universidade de Zurique, Suíça, identificou a área do cérebro que controla a confiança – e também a desconfiança. Isso foi possível através de dois jogos com um grupo de voluntários, cujos cérebros foram monitorados.
Os dois envolviam basicamente a mesma premissa: os participantes teriam que disponibilizar dinheiro, que podia ser investido e retornado ou então roubado. No primeiro havia uma pessoa que decidia investir o valor ou então quebrar a confiança do voluntário e ficar com tudo. No segundo, um computador decidia aleatoriamente quem receberia o investimento de volta ou quem não receberia.
Durante o teste, os participantes também tomaram doses de oxitocina, que já era conhecida por aumentar a “vontade” das pessoas de confiar em outras.
Os resultados mostraram que o hormônio era capaz de reduzir a atividade cerebral nas áreas que controlam as sensações de medo e perigo e das que administram o comportamento futuro de acordo com a possibilidade de receber uma recompensa. No entanto, isso só acontecia durante o primeiro jogo, que envolvia confiança – não no segundo, que trabalhava apenas com o risco.
A descoberta ajuda os cientistas a entender um pouco mais onde surge, no nosso cérebro, problemas neurológicos que afetam o comportamento social como fobias ou até o autismo.
O medo exagerado de ser traído geralmente é o primeiro sintoma de fobia social, um problema mental que pode, em casos mais graves, fazer o paciente se isolar ao extremo e simplesmente não sair de casa ou interagir com outros. Nesses casos, a oxitocina pode se mostrar uma opção de tratamento.
fonte: G1