quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lançada campanha sobre esclerose múltipla

  • Segundo especialistas, dificuldade no diagnóstico é um dos principais problemas. A esclerose múltipla atinge principalmente pessoas entre 15 e 45 anos

Diferente do que muitos pensam, a esclerose múltipla não é predominantemente uma doença da terceira idade. Ao contrário, ela acomete principalmente jovens entre 15 e 45 anos de idade. Essa é uma das mensagens deflagradas pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) para a Campanha Nacional de Conscientização sobre Esclerose Múltipla, que começou no dia 30 de agosto.

Segundo Antônio Pereira Gomes Neto, coordenador nacional da campanha e vice-coordenador do Departamento de NeuroImunologia da ABN, a associação da doença com a velhice é comum porque muitos ligam o processo degenerativo com senilidade. Mas, o médico explica que a esclerose múltipla é uma doença autoimune que ataca principalmente o sistema nervoso central: cérebro e medula. O organismo produz anticorpos e eles atacam o corpo. Ocorre uma reação inflamatória e desmielinizante, ou seja, a bainha de mielina - camada lipoproteica que envolve a fibra nervosa (axônio) - é degradada pelos anticorpos. Normalmente, essa bainha age tornando a transmissão do impulso nervoso mais rápida. Com a degeneração dessa estrutura, há interrupção da transmissão do impulso nervoso e a doença vai gerando lesões tanto na mielina quanto no próprio axônio.

A esclerose múltipla é uma doença que progride. “No início há muita inflamação, porém a degeneração também ocorre. Com o avançar da doença, a inflamação torna-se menor, mas a degeneração permanece”, disse Antônio. Embora sua causa não tenha sido esclarecida, os pesquisadores acreditam que ela possui um componente genético e ambiental. Há ainda uma suspeita de que possa ser causada por vírus. “Estudos demonstram que o tabaco pode ter ligação na gênese e na evolução da doença”.

De acordo com Antônio, a doença atinge mais mulheres do que homens em uma proporção de três para um. “Relatos da doença em negros são pouco frequentes. Em índios, não há relatos”, ratificou. Observando a distribuição da doença no mundo, nota-se que na África e na América Latina a incidência é baixa. Já países do hemisfério norte possuem um maior número de casos. Segundo o médico, estudos revelam que no Brasil o Nordeste possui menor incidência da doença do que a Sul e a Sudeste. (da Agência Notisa)


Atenção aos sinais da doença

Um dos grandes problemas quando se fala em esclerose múltipla é o diagnóstico. Isto porque clinicamente o paciente pode apresentar qualquer sintoma neurológico, o que causa confusão com diferentes enfermidades. Porém, Antônio Pereira Gomes Neto, vice-coordenador do Departamento de NeuroImunologia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), destaca alguns quadros que são mais comuns: dormência, fraqueza nos membros, diminuição da visão, diplopia, desequilíbrio e vertigem.

Já sinais como demência, convulsões, ataxia, cefaléia, movimentos involuntários, dificuldade de deglutição também podem ocorrer, entretanto, Antônio ressalta que são muito menos frequentes. “Demência, por exemplo, é mais observada em casos de esclerose múltipla mais graves e mais evoluídos. Já convulsões são bem raras”, destaca.

O médico disse que o sinal de Lhermitte frequentemente está presente em pacientes com a doença. “É aquela sensação de choque na coluna quando gira a cabeça. Ás vezes pode ser dolorido”, explicou. Além disso, a esclerose múltipla pode levar a distúrbios esfincterianos e urinários, o que causa limitação funcional. Distúrbios sexuais e neuropsíquicos também podem ocorrer. “O paciente pode apresentar quadros de depressão, euforia e distúrbio do afeto. É comum ter um descontrole emocional alternando episódios de riso com choro em momentos inadequados”, afirmou.

Podem ocorrer ainda distúrbios cognitivos que refletem em dificuldade de atenção e concentração. “Frequentemente a função executiva é afetada. Já quadros como demência, afasia e alexia são bem raros”, ressaltou.

Outra característica é que pacientes costumam ser extremamente sensíveis à temperatura. “Boa parte não tolera altas temperaturas, sendo comum que o gatilho da doença se dê nessas épocas”, disse. A fadiga também é um sinal presente em 75% a 95% dos pacientes.


SAIBA MAIS

FORMAS EVOLUTIVAS DA DOENÇA

> As formas evolutivas da doença são remitente - recorrente; secundária - progressiva; secundária - progressiva com surtos e primariamente progressiva. A forma mais comum é remitente - recorrente que se caracteriza por surtos alternados por períodos de estabilização.

> Em dez anos, aproximadamente, metade dos pacientes desenvolve a
forma secundária - progressiva, onde há uma piora lenta e contínua da disfunção neurológica, sem intervalos de estab ilização. Cada paciente é atingido de forma diferente pela doença.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
> Atualmente, o diagnóstico da esclerose múltipla é feito através de exames de ressonância magnética, exames de liquor e testes de potenciais evocados. O diagnóstico também é realizado, porém, muitas vezes, o quadro é similar ao de outras doenças, como doenças reumatológicas.

> A ressonância magnética é um dos principais exames, pois ajuda a identificar pacientes que ainda apresentam poucos sintomas. “O diagnóstico precoce é muito importante, pois a doença quando não tratada leva a atrofia cerebral”, disse o médico Antônio Pereira Gomes Neto.

> A esclerose múltipla, assim como demais doenças autoimunes, até o momento não tem cura. Entretanto, Antônio destacou que há tratamento e este traz benefícios já comprovados cientificamente.

> Desta forma, o tratamento como lembrou Suely Berner, diretora da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), melhora a qualidade de vida dos pacientes. Segundo Antônio, o tratamento é feito de duas formas: tratando surtos e tratando a doença.

> O custo da terapia, entretanto, é bem alto. Porém, segundo o médico, desde o final da década passada o Ministério da Saúde estabeleceu no Brasil protocolos com critérios diagnósticos e criou centros de referência. Dessa forma, uma vez que o paciente apresente um laudo seguindo os critérios que comprove a esclerose múltipla, ele pode receber tratamento gratuito.

> Há algumas novidades sobre o tratamento. O transplante autólogo de células tronco está sendo estudado, inclusive no Brasil. Entretanto, segundo Antônio não existem por enquanto indícios de que possa ser eficaz.

> A reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia e acompanhamento psicológico também são estratégias no tratamento da doença. Segundo a neurologista Maria Cristina Brandão Giacomo, da Abem, ioga, acupuntura e cuidados gerais com o bem-estar também trazem benefícios.

fonte: O Povo

Um comentário:

Maria Cristina Alves de Jesus G Santos disse...

Sou portadora de EM. Diagnosticada em abril/2010. O que mais me chamou atenção foi que nenhum neuro acreditava em mim qdo sugeria a eles que me fizessem uma ressonância, pois eu mesma tinha certeza que estava com esclerose múltipla. Todos achavam que era estresse. Precisei pagar um médico particular e no mesmo dia da consulta ele pediu a RM e fui internada. Logo após a saída do hospital, entrei em contato com a equipe do Hosp. da Lagoa e a partir de então uso a medicação copaxone. Os médicos deveriam dar mais importância as queixas dos pacientes. Se eu não tivesse insistido, hoje poderia estar com sequelas maiores.
Fiquem atentos qdo sentirem algo parecido como dormências, fadigas, problemas visuais.
Que Deus permita que apareça uma cura para tal mal.
Boa sorte a todos !