segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Habilidade linguística protege contra Alzheimer

Pessoas que apresentam as habilidades linguísticas mais desenvolvidas quando jovens têm mais chances de permanecer com a mente afiada na velhice, mesmo se desenvolverem anormalidades cerebrais similares às da doença de Alzheimer, segundo estudo publicado esta semana na revista Neurology.

Os pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, destacam que os cientistas há muito se perguntam por que algumas pessoas com placas e emaranhados no cérebro – características do Alzheimer – tem suas habilidades mentais intactas durante toda a vida.

No novo estudo, os cientistas avaliaram amostras do cérebro de 38 freiras católicas falecidas – dez com doença de Alzheimer assintomática no momento da morte, dez que tinham manifestação da doença, cinco com distúrbio cognitivo leve e 13 sem problemas cognitivos ou lesões cerebrais – e a redação de 14 delas, escritas quando tinham cerca de 20 anos de idade.

Segundo os autores, as redações da juventude daquelas que tinham a doença sem manifestação dos sintomas eram mais densas em ideias (média de ideias expressas a cada dez palavras), em comparação com os textos das freiras que acabaram tendo doença de Alzheimer ou problema cognitivo leve. Mas não houve diferenças significativas na complexidade gramatical entre as redações.

Além disso, as análises indicaram que as freiras do primeiro grupo – que apresentavam as características da doença, mas não manifestavam sintomas – tinham neurônios maiores, com maiores núcleos e nucléolos, do que aquelas com distúrbio cognitivo leve. E aquelas com a doença de Alzheimer manifesta apresentaram um "encolhimento" dos neurônios em relação ao grupo controle.

Os pesquisadores destacam que o estudo mostra a capacidade do cérebro de se adaptar e se modificar para compensar a doença. "É possível que os neurônios se tornem maiores para compensar o dano feito pelas proteínas tóxicas produzidas na doença de Alzheimer", explicam os autores. "Enquanto o núcleo e o nucléolo da célula podem aumentar porque eles fazem mais DNA e RNA para reparar esse dano", concluem.

Embora o estudo seja pequeno, os cientistas revelam estarem fascinados com a possibilidade de as habilidades mentais aos 20 anos de idade indicarem a capacidade de o cérebro resistir a certas doenças neurodegenerativas mais tarde. Porém, mais estudos são necessários para confirmação.

fonte: GazetaWeb